pisar na lua nunca foi tão cool

Courrèges sempre esteve um passo à frente

 

Hey!

Semana passada recebemos Nicolas Di Felice para dois eventos super legais na nk e eu já era obcecada pela marca, depois de escutar ele falando sobre, me tornei ainda mais fã, e por isso vim contar um pouco de como a Courrèges foi um ponto fora da curva na moda dos anos 60.

Além disso, fiz um gift guide com tudo de mais legal que vi por ai, um recap da minha semana & more.

Espero que gostem :)

Have a nice reading!

Dressing the future

De tempos em tempos, aparece alguém capaz de olhar para o futuro como se fosse presente. Alguém que tem uma sensibilidade extra e não apenas enxerga o futuro, mas o constrói. André Courrèges foi um desses raros casos.

Nascido em 1923, André se formou em engenharia civil e chegou a servir na Air Force da França. Lendo esse currículo, é quase impossível imaginar que ele era um verdadeiro apaixonado por moda — e que tudo mudou quando decidiu se mudar para Paris e estudar mais a fundo essa paixão. Logo de cara, começou a trabalhar na Jeanne Laufarie e, em seguida, na Balenciaga. Mas ele sempre teve um plano: criar suas próprias roupas.

Aprendeu tudo o que tinha para aprender e embarcou nessa aventura ao lado de sua esposa, Coqueline (por isso o logo da Courrèges é AC — André and Coqueline). E assim nasceu a marca mais futurista que já existiu – Courrèges.

Os anos 60 foram muito marcados pela corrida espacial, e a Courrèges foi uma das únicas marcas que conseguiu captar esse zeitgeist e realmente retratar a época de acordo com o que estava acontecendo no mundo.

A corrida espacial não foi apenas a missão de ir para a lua; ela representava um imaginário coletivo de como seria o futuro. Foi o primeiro passo para uma positividade e imaginação que não existiam antes. Viagens interplanetárias, robôs, carros voadores e computadores gigantes. Sim, algumas coisas realmente aconteceram, mas a maioria era apenas algo bem caricato, à la Família Jetson.

Era um futurismo otimista — diferente do nosso, que às vezes parece distópico. Naquela época, a tecnologia representava esperança, progresso, novas possibilidades. O futuro era uma promessa, não uma ameaça.

A época foi marcada por pessoas geniais em diversas áreas que traduziam esse sentimento, como Buckminster Fuller e Eero Saarinen na arquitetura — com suas formas geométricas e futuristas —, Victor Vasarely, pioneiro da Op Art, e, obviamente, o filme que mais representa os anos 60: 2001: Uma Odisseia no Espaço.

O único designer de moda que conseguiu acompanhar esse movimento foi André Courrèges. Ele trouxe formas e cortes limpos e geométricos, materiais diferentes como PVC e vinil, e, claro, a minissaia. Dizem que Mary Quant foi a responsável por criar a minissaia, mas foi Courrèges quem a tornou luxuosa.

No talk que fui com Nicolas Di Felice, atual diretor criativo da marca, ele comentou que, na época, ainda era um escândalo as mulheres usarem algo desse tipo, e que, no desfile, diversas pessoas levantaram e foram embora horrorizadas. Imagine that!

A Courrèges foi um sucesso — e continua sendo — pois tem em seu espírito um olhar capaz de entender o que as pessoas querem antes mesmo de elas saberem que querem. Além disso, é uma marca que transparece a alma do criador.

Foi uma das primeiras marcas a entender que não se trata apenas das roupas, mas das histórias, da visão e da intersecção com outros assuntos. A moda conversa com todas as áreas e manifestações de arte, e o repertório único de André foi um dos responsáveis por colocar a marca em uma posição diferenciada.

Em 1983 que a marca lançou uma linha de rodas. Sim, você não leu errado: rodas. E, literalmente, as rodas mais legais que você já viu na sua vida.

André foi certeiro nessa criação. Ela transmitia exatamente o que ele queria: futurismo, velocidade e improbabilidade. Afinal, acho que essa é a primeira e única vez que você vai ver rodas em formato de coração na sua vida.

A linha de rodas foi feita em colaboração com a Yamaco Corporation e não era ligada à rapidez nem à performance — era apenas focada no futurismo e em trazer peças diferentes para carros. A maior roda que criaram ainda era pequena, então o foco estava em carros menores, cujo público era majoritariamente feminino, que provavelmente já tinha — ou gostaria de ter — uma peça de roupa Courrèges.

No mesmo ano, lançaram também uma collab com a Honda de scooters, em três cores. Simplesmente genial. Naquela época ainda não se falava de storytelling, mas André poderia dar aula de como se faz isso.

A marca entende que não basta criar roupas bonitas; é preciso criar um universo único para que elas habitem. E a Courrèges foi certeira nisso. Até hoje a marca dialoga muito bem com o futurismo — mas de outra maneira e sob outra perspectiva.

Nicolas Di Felice, atual diretor criativo da marca, está ressignificando esse futurismo, olhando para mudanças climáticas, excesso de telas e trazendo um olhar para o novo — e para o que nos aguarda daqui pra frente. A mente brilhante de Nicolas, com seu olhar sensível, são as peças-chave para liderar uma marca com tanto legado, mas ainda assim tanta autenticidade.

Courrèges é uma das marcas mais fascinantes da moda: um storytelling único, um olhar sempre adiante e um repertório impossível de replicar. Atualmente, nas mãos de Nicolas, passado e futuro se encontram, e o resultado é uma marca que segue relevante, viva e, acima de tudo, única. Isso é muito raro!

Pra quem não sabe, eu trabalho na nk, e semana passada fizemos uma exposição da marca dentro da nossa loja no Shopping Iguatemi. Para quem quiser visitar, tem diversas fotos e convites do arquivo da marca.


Shop my cool finds 🙂 

 Entre o algoritmo e a alma: o novo cool é ser você w/ Debora Gruenberg

Oi, eu sou a Debora Gruenberg, mas me chamam de Deh :) e eu tenho 22 anos.
To feliz de estar aqui, amo ramble meus pensamentos. Btw tenho um canal no youtube (bem flop no caso KKKK) exatamente pra isso, que eu AMO!
Quando a Pri me chamou para escrever essa coluna, eu pensei imediatamente em um tema que me persegue há anos

você realmente sabe do que você gosta? Ou você só aprendeu a gostar do que te mostraram?

Tik Tok diz que o boho-chic voltou, que o minimalismo corporativo é a nova sofisticação, que certas sapatilhas “esquisitas” são obrigatórias. E eu, que penso demais, percebo que às vezes desejo coisas que não nascem de mim, nascem do excesso de exposição.
Querer tudo e não pertencer a nada: esse é o dilema contemporâneo.

Antes do Pinterest, existiam as crianças

Quando a gente era pequena, isso não acontecia. Criança gosta de coisas hiper-específicas, estranhas, inesperadas. Ninguém escolhe um aniversário “clean vibes” aos cinco anos. Às vezes o tema é simplesmente: martelo de construção, ou qualquer fascínio que não foi aprendido, foi sentido. Aquele é o universo da criança, porque é dela, e de mais ninguém.

Eu era assim. Minha mãe nunca conseguiu me vestir combinandinho, eu não deixava.
Misturava tudo, de um jeito feliz, que fazia sentido só para mim. E para mim, isso é ser cool: vestir algo que fala a linguagem universal da sua própria alma.

Sabe quando você vê alguém usando algo que fica perfeito nela, mas jamais funcionaria em você? Eu acho que isso é estilo. Isso é a alma se expressando.
Aquilo pertence à essência dela, não à sua. E está tudo bem.

Num mundo tão interligado, onde sabemos de tudo e sobre todos, talvez o maior diferencial seja simplesmente ser você.

O mundo inteiro, e nenhum lugar — e o estilo no meio disso

Eu penso muito nisso, penso o tempo inteiro, na verdade. Meu cérebro não cala a boca, por mais que eu implore. Minha alma é livre demais, inquieta, sempre em movimento, com uma sede incessante de ver o mundo. Não descanso, não aquieto, não “pertenço”.

Teve um período em que essa inquietação pesou muito. Eu sentia que estava perdendo tempo: tanto mundo para ver, tanta gente para conhecer, tanta moda para experimentar, tantas versões de mim que eu ainda não tinha encontrado.

Eu pensava: quem sou eu? Do que eu gosto? pra onde eu quero ir?
Silêncio, cérebro, por favor.

Tem pessoas que passam pela sua vida só para te recomendar um livro. Nessa época (que sejamos sinceras, nunca passou completamente) foi um livro estoico de Sêneca, Sobre a Brevidade da Vida. Uma parte me marcou profundamente:

“To a wise man, every place is his country.”

Para o sábio, todo lugar é sua pátria.

E eu senti aquilo na pele. Cada lugar é o meu mundo, esse mundo interno que anseia para ser ouvido.Foi assim que surgiu meu canal no YouTube. Eu me sentia sozinha dentro de tanta imensidão, e quis compartilhar fragmentos de um mundo vasto demais para caber em uma só pessoa. Então eu ramble por lá, se quiserem assistir, é Debora Gruenberg (https://www.youtube.com/@deboragruenberg).

Cresci na mesma casa a vida inteira. E quanto mais eu vivia, mais a cidade diminuía. Então eu saí. O mundo é grande demais. Morei quatro anos nos EUA, seis meses em Paris, e Madrid é meu próximo destino por tempo indefinido. Entre esses pontos no mapa, muitas viagens, cada uma me mostrou uma versão nova de mim.

A Croácia me ensinou que felicidade é uma decisão contínua, consciente, insistente. Amsterdam me mostrou que eu amo cachecóis legais e que amizades de valor mudam o curso de uma vida. Paris, através de um velho mestre de xadrez, me ensinou que crenças limitantes só existem quando a gente aceita elas.

De um simples “chess is a very hard game” e meu “and I am a very smart girl”, vieram aulas diárias que mudaram muito mais do que minha relação com o xadrez. Virou filosofia.E, claro, virou estética. Porque tudo o que você vive, você veste.

Somos mosaicos ambulantes

Todo mundo tem algo a te ensinar. Se estamos falando de moda, então ser gentil precisa estar na conversa, ser legal veste melhor do que Prada.

Somos mosaicos das pessoas que encontramos pelo caminho, das conversas que tivemos, das roupas e estilos que experimentamos. Cada experiência te mostra uma nova versão sua. Se você vive sempre igual, conhece só uma versão da sua alma.

E a sua alma é um universo inteiro. Moda é isso: experimentar versões suas que ainda não nasceram. Meu estilo hoje (que pode mudar amanhã, afinal estou vivendo)

Não sou muito consumista, compro pouco, só quando amo. Só quando a peça fala comigo. Talvez por isso funcione tão bem. Vejo muitas meninas gastando fortunas em tendências sucessivas... essas peças conversam com elas, com o indivíduo, ou com a persona que elas acreditam que devem performar?

Acessórios são minha linguagem favorita. Transformam qualquer roupa, contam uma história, dão assinatura. Por isso estou lançando minha marca com a minha mãe e minha irmã: Or Blanc (@orblancbr - https://www.instagram.com/orblancbr/).

Significa “luz branca,” uma lembrança de que o estilo verdadeiro vem de dentro, não de fora.

Meus looks preferidos?
Peças fluidas, muito linho, calças que não apertam (kkkk), cintos diferentes, cachecóis divertidos, meias coloridas e tudo que tenha cor. O mundo já está preto e branco demais.

Meu manifesto pessoal

Quero terminar com uma frase do meu livro preferido, O Alquimista:

“Cada homem na face da Terra tem um tesouro que está esperando por ele”, disse seu coração. Nós, os corações, costumamos falar pouco desse tesouro, porque os homens já não querem mais encontrá-lo. Só falamos dele para as crianças. Depois deixamos que a vida encaminhe cada um em direção ao seu destino. Mas, infelizmente, poucos seguem o caminho que lhes está traçado, e que é o caminho da Lenda Pessoal e da felicidade. Acham o mundo uma coisa ameaçadora — e por causa disso o mundo se torna uma coisa ameaçadora. “Então nós, os corações, vamos falando cada vez mais baixo, mas não nos calamos nunca. E torcemos para que nossas palavras não sejam ouvidas: não queremos que os homens sofram porque não seguiram o coração.”

Para mim, moda é justamente isso: seguir o coração.
A parte de você que já sabe quem você é, antes que o algoritmo tente decidir por você.

Essa semana foi muito legal, então vou voltar com o week in a snap! ❤️ 

1- Eu to adorando pintar aquarela. Não sou uma super artista, mas é um hobbie que venho amado fazer para evitar ficar muito nas redes sociais.

2- Ganhei essa pulseira da Sante, simplesmente linda, to usando todo dia.

3- Talk com a Natalie (fundadora da da nk), Alexia (fundadora da SunBelt) e Nicolas Di Felice (diretor criativo da Courrèges). Foi muito inspirador!

4- Jantar para celebrar a collab Courrèges x nk. Meu look é inteiro nk.

5- Assisti esse filme do Ursinho Pooh (não ri) e eu chorei do início ao fim. A mensagem é linda, assistam ❤️ 

A Miu Miu tem um jeito único de tornar o seu universo palpável. Vai de clubes do livro e palestras com algumas das mulheres mais cultas e influentes do mundo… até um gift totalmente inesperado: um baralho de Uno.

A marca vive exatamente nessa linha entre a cool fashion girl, a cultura e a arte.

Uno é um jogo presente na vida de quase todo mundo — aquele que reúne amigos, pede offline e cria memórias. Ao apresentá-lo de uma forma divertida e descolada, a Miu Miu coloca seu próprio toque nesse imaginário de leveza e descontração.

O preço, muito acima do de um Uno convencional, reforça a exclusividade e o valor da marca. You can play Uno, but only a few can play Miu Miu’s Uno.

Instagram Post

Criei esse quadro para responder perguntas de vocês, direto ao ponto. As vezes a sua dúvida é a mesma de outra pessoa! :)

Verão é a minha estação do ano favorita, e ir dezembro é o mês que eu fico pensando em roupas e acessórios para usar na praia praticamente 24/7. Então tenho uma boa lista de bolsas de praia.

Acho que uma bolsa de praia tem que ser funcional, tem que caber tudo o que precisa e tem que ser fácil de limpar por conta da areia.

My favorites

1. Nannacay | 2. Nannacay | 3. FARM | 4. H&M | 5. Calzedonia | 6. SouQ

Se você tem alguma dúvida ou quer algum guide especifico, manda aqui de forma anônima e quem sabe eu respondo na próxima edição 🙂 

🪑 As cadeiras mais legais de sets de desfiles. Love it.

❤️‍🩹 Muita gente criticou mas eu achei isso tão legal.

🇵🇷 He is the moment! Quem fez o styling dessas fotos foi o Harry Lambert, mesmo stylist do Harry Styles, por isso ficou tão cool e colorido. Amei!

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Oie! Eu sou a Pri Cao, e eu escrevo, edito e faço a curadoria de cada conteúdo que você encontra por aqui! Sempre fui apaixonada por moda e por toda liberdade criativa que ela nos proporciona. A ideia da The Setters é trazer conteúdos autênticos, com dados e estudos, mas também com a minha visão de mundo.

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