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o lado sombrio que mudou a moda
depois da Rainha Vitória, as roupas pretas tiveram outro significado

Hey!
Quando percebi que essa edição ia cair bem no dia do Halloween logo pensei em fazer algo temático, mas tinha um grande problema: eu literalmente odeio qualquer coisa de terror. Foi ai que eu cai em um tema que já estava lendo há um tempo e que coube direitinho com o lado mais sombrio da data: o luto na era Vitoriana e como isso mudou a moda da época.
Mas também dei dicas de fantasias fashionistas e nada assustadoras pra quem é que nem eu, rs.
Espero que gostem :)
Have a nice reading!
Dressed in grief
Quando pensamos na era vitoriana, logo vem à mente algumas referências visuais de vestidos com muito volume e uma arquitetura repleta de adornos. Mas na verdade, esse período, que vai de 1837 até 1901, foi muito mais complexo. Muitas mudanças aconteceram e refletiram diretamente na moda, arquitetura e arte.
Com apenas 18 anos, Alexandrina Victoria, assumiu o trono do reino mais poderoso da Europa, após o falecimento de seu tio, que não tinha nenhum herdeiro direto.
Imagina assumir um reinado com essa idade. No mínimo overwhelming.
Como foi um período longo, a moda mudou bastante, especialmente por causa da Revolução Industrial, que acelerou a produção de tecidos, tinturas, e novas técnicas de costura. Pela primeira vez o mundo estava vendo uma grande produção de roupas, e a moda começava a mudar com mais frequência.
No começo do reinado de Victoria, as cinturas eram altas, as mangas bufantes e caídas, as saias armadas e com diversas almofadinhas para dar volume nos vestidos. Os tornozelos e os pés estavam sempre a mostra com sapatilhas ou botas com salto.
Em 1830 o foco era no cabelo que já eram feitos com apliques, a moda eram tranças e nós em volta da cabeça, como se fosse um acessório. Os chapéus Bonnet eram indispensáveis, pois além de proteger o rosto, completavam o visual.
Nos anos seguintes as mangas começaram a ficar mais retas, e as saias mais longas. As saias eram engomadas com amido ou farinha, para dar sustentação e volume (é daí que vem a expressão “engomadinho” — não era exagero, as pessoas literalmente passavam horas para deixar a roupa impecável.)
Vale lembrar que era uma época com forte separação entre homens e mulheres. Enquanto eles frequentavam todos lugares públicos, as mulheres eram restritas a poucos locais como igrejas e praças. As roupas refletiam essa separação, os homens usavam ternos estruturados e as mulheres vestidos e chapéus quase que infantilizados, para reforçar a doçura e pureza.
A partir de 1870, os chapéus ficaram menores e perderam seu propósito original de proteger o rosto do sol, tornaram-se itens puramente fashion. Foi quando surgiram as sombrinhas, que cumpriam o papel de proteção.
Conforme os anos foram se passando, algumas coisas foram mudando. As mulheres passaram a praticar mais esportes, então tinham roupas especificas para caminhadas, equitação e tênis. Mesmo com saias longas, já era revolucionário. Mais pro fim da época vitoriana, a moda feminina começou a pegar alguns códigos da moda masculina, como blazers e camisas.
roupas usadas pelas mulheres na prática de esportes
Essa época também foi marcada por regras de etiqueta extremamente rígidas. Pode parecer antiquado para muita gente, como se isso fosse limitado em garfinhos de azeitona e não apoiar os cotovelos na mesa, mas vale lembrar que eles não tinham acesso a mídias, e raramente tinham acesso a educação. Ou seja, a etiqueta era o principal guia de comportamento social, dizia o que vestir, como falar e como se portar em cada situação.
Hoje isso parece natural pois aprendemos desde cedo, até pelos desenhos animados, como conviver em sociedade. Mas muitos gestos cotidianos ainda vêm dessas antigas normas.
Entre as regras mais sérias estava o luto. A roupa era o principal código: quanto mais próxima a pessoa falecida, mais longo o período de vestes pretas. Para viúvas, o preto deveria ser usado por pelo menos dois anos. O véu era usado nas primeiras fases do luto, justamente para esconder o rosto inchado pelo choro, um gesto de dignidade e recato.
Quando o príncipe Albert, marido da Rainha Vitória, faleceu, ela decidiu ir além das regras, e usar preto o resto de sua vida.
O que muitos consideram uma melancolia exagerada, foi uma maneira dela demonstrar sua eterna devoção e dor. Comunicando para o mundo que ainda estava sofrendo pela perda e dando o recado de que não gostaria de proximidade.
Antes dessa regra de etiqueta, a cor preta era associada apenas aos empregados, por ser prático e disfarçar sujeiras que aconteciam pelos serviços que realizavam.
Vitória transformou essa cor em símbolo de status e profundidade emocional. Ela deu origem a uma estética que hoje chamamos de gótica romântica, onde o preto é nobre, intenso e triste.
O movimento gótico já existia há muito tempo, mas teve uma nova interpretação emocional. Ela usou preto por 40 anos, e essa atmosfera melancólica também se refletiu na arquitetura neogótica: torres pontiagudas, vitrais coloridos e ornamentação excessiva, um espelho de uma sociedade reprimida e profundamente sentimental.
A morte era um tema constante. A medicina era pouco avançada e as pessoas morriam cedo. As pessoas tinham medo de morrer e dúvidas sobre o além (era uma época em que a ciência começava a questionar certos pontos da religião, e novas crenças surgiam, abalando a fé tradicional). Surgiram rituais de luto curiosos e eu diria um pouco macabros, como retratos póstumos (fotos de pessoas já falecidas), joias feitas com cabelo da pessoa que morreu e jardins melancólicos.
Essa era melancólica e cheia de regras de luto, começou a mudar após a Primeira Guerra Mundial. Com tantas mortes acontecendo, Com tantas mortes, seria impossível manter o luto coletivo por anos, mas o preto continuou sendo muito associado à perda e tristeza.
Até que veio Coco Chanel e revolucionou tudo: com o seu “little black dress”, ela libertou o preto do peso do luto e o transformou em elegância, sensualidade e poder.
Mas essa é uma história para outra edição.
A era vitoriana reflete um momento em que uma jovem de 18 anos assumiu o trono do império mais potente do mundo. Apaixonada e devota ao marido, nunca mais foi a mesma após sua perda. Com seu luto eterno, Vitória redefiniu a moda, a etiqueta e o significado do preto. A ausência de cores, se tornou a presença de tristeza e virou um símbolo que carregamos até hoje.

Shop my cool finds 🙂
Colete Renner x Livia: eu amei a coleção e esse colete ta na minha wishlist
Lenço H&M: lindo para usar no pescoço
Bolsa Zara: cabe tudo e amei a cor
Sapato Zara: bem fofo
Bermuda nk: to obcecada nessa bermuda! Da pra compor muitos looks diferentes.
Finding inspiration w/ Michaela Guizardi
Meu nome é Michaela Guizardi. Sou cofundadora da Lourie, marca brasileira autoral. Atuo como diretora criativa, designer de moda, stylist e responsável pela direção de arte e curadoria da marca. Moda, arte e design não são apenas o meu trabalho, são o que eu respiro, dentro e fora do Lourie. |
Também desenvolvo um trabalho curatorial na minha plataforma pessoal, onde compartilho meus processos criativos, descobertas de materiais sustentáveis, marcas independentes que admiro e minha visão sobre moda e estilo. Gosto de montar looks que reflitam minha personalidade, misturando referências de passarela com o que observo no dia a dia. Encaro tudo como parte de uma grande curadoria: reparo nos uniformes de trabalho (sou apaixonada por essa estética workwear), nas pessoas nas ruas, nas galerias de arte e em tudo que me cerca. Gosto de me inspirar nas coisas simples, nas texturas e nas histórias que encontro no cotidiano.

Estou sempre acompanhando as atualizações, novidades das redes e do mercado de moda para criar e me inspirar: Amo o FFW, o Steal the Look, o próprio Vogue Runway para assistir aos desfiles, e também o BOF, entre tantos outros. Gosto de estar por dentro de tudo, não tem muita regra (hahaha). Também adoro passar horas no TikTok, Pinterest, descobrindo novas ideias e me inspirando com diferentes olhares e referências.
Acho que hoje o Instagram pede algo mais real, mais próximo da vida como ela é. Tenho buscado ser o mais transparente possível, com fotos sem muita edição. Tenho amado fazer dumps no espelho com meus looks favoritos da semana, acabou virando quase uma marca registrada. São sempre fotos feitas no celular, sem produção, sem filtro. Gosto dessa naturalidade, acho que ela cria uma conexão verdadeira com quem acompanha meu trabalho e o universo da Lourie.
Algumas coisas que sempre me inspiram e me ajudam no processo criativo:
• Sair para conhecer lugares e pessoas novas. As trocas com outras pessoas sempre trazem mais sabedoria e inspiração, é algo que alimenta muito o meu processo.
• Estar atenta. Prestar atenção nos detalhes do dia a dia faz toda a diferença; muitas vezes, uma pequena observação vira o ponto de partida para uma criação.
• Se permitir mudar. Não se prender a uma única ideia, criar é um movimento constante. Mudar de direção, experimentar e se abrir para o novo faz parte do processo.
A dose of inspiration com as minhas fantasias favoritas do Halloween desse ano!

Última dia do mês pede um recap dos meus favoritos de Outubro.
Favorite look
![]() | Mês de fashion week é praticamente impossível escolher 1 look só, mas já vai fazer 1 mês e esse vestido Chanel não sai da minha cabeça. Ele não é complexo em questão de modelagem, e nem super inovador, mas é o simples impecável. Chic e moderno na medida certa. |
Favorite accessories
![]() | Não podia ser outro. Os charms da minha collab com a Guya. Uso todos os dias e monto mix diferentes. Acho lindo usar 1 charm só também, usei o de pérola em um casamento e ficou lindo. Gosto de usar em argolas de brinco também! |
Favorite OOTD
![]() | Falando na era vitoriana, esse modelo de calça surgiu nessa época, quando as mulheres começaram a exigir um pouco mais de mobilidade e praticidade no dia a dia. Eram calças usadas por baixo das saias, bem underwear mesmo. Mas hoje voltaram dessa maneira e eu to obcecada. Amei compor com um sapato mais chunky. |
Favorite makeup item
![]() | Comprei o blush Spicy da Salie e to amando! Misturo ele com o Toasted Teddy da Rhode e vira simplesmente o blush queimado mais lindo do mundo. |
Favorite workout set
![]() | Eu literalmente nunca me imaginei com uma roupa verde neon, até a Malu Daily Life (love her) lançar essa collab com a Live! e eu ficar completamente obcecada. A cor favorece todo mundo, no evento todas meninas ficaram lindas, acho que é uma cor universal que está na paleta de todo mundo. |
Favorite purchase
![]() | Ainda não usei, mas to doida para usar. Comprei esse vestido na Zara e não vejo a hora de voltar a fazer calor e ter uma ocasião! |
Favorite hobbie
![]() | Caso vocês ainda não saibam, eu tenho todos os hobbies de uma senhora de 70 anos, e o meu favorito do mês foi fazer pão. Eu fiquei obcecada por ver vídeos de padarias suíças, e de tanto assistir, aprendi a fazer. Testei o pão normal primeiro, ficou ótimo, e logo depois fiz um cinnamon roll, que modestia a parte, foi o melhor que já comi na vida. |
Essa semana aconteceu um evento da Burberry aqui em São Paulo, e faz pouco tempo que a marca realmente começou a chamar minha atenção.
Por ser uma marca de luxo, é sempre um desafio criar um conteúdo que conecte e, ao mesmo tempo, transmita a mensagem certa. Muitas vezes acabamos caindo no comercial, nas fotos de campanha, e deixamos de lado o essencial: a conexão com quem acompanha e gosta da marca.
A Burberry é um exemplo impecável de como trabalhar conteúdo hoje em dia — de um jeito leve, divertido e sem perder o branding construído ao longo de décadas.
Criei esse quadro para responder perguntas de vocês, direto ao ponto. As vezes a sua dúvida é a mesma de outra pessoa! :)

Meus favoritos de maquiagem que eu compraria e recompraria mil vezes:
Se você tem alguma dúvida ou quer algum guide especifico, manda aqui de forma anônima e quem sabe eu respondo na próxima edição 🙂
✨ Sou muito fã! Que vídeo lindo. O sapato mais icônico.
🖨️ A outlander magazine vai ter sua primeira edição impressa (depois de 10 anos) e simplesmente ele vai ser a capa! Print is not dead.
🐕 Quero tudo. Minha wishlist acaba de crescer (bastante).
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![]() | Oie! Eu sou a Pri Cao, e eu escrevo, edito e faço a curadoria de cada conteúdo que você encontra por aqui! Sempre fui apaixonada por moda e por toda liberdade criativa que ela nos proporciona. A ideia da The Setters é trazer conteúdos autênticos, com dados e estudos, mas também com a minha visão de mundo. Espero que você goste de ler essa newsletter tanto quanto eu gosto de escreve-la! ❤️ Vou deixar aqui o link das minhas redes sociais para quem quiser trocar (sempre estou aberta e amo muito) |
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