isso aqui é muito nichado

ou talvez só uma desculpa para você se sentir parte de alguma coisa

 

Hey!

O tema de hoje nasceu de um jeito bem espontâneo: eu estava passeando por uma livraria, abri um livro ao acaso e dei de cara com a frase “Fashion is one of the most important art forms as there is no better way to understand any society than by its aspirations of how it wants to be seen.”
Fiquei alguns minutos parada ali, só refletindo. Pensei sobre o que isso significa atualmente — e espero que essa reflexão também toque você.

Além disso, tem uma participação especial da Gabi Diniz, que veio falar sobre o novo luxo, e ainda compartilho minhas impressões sobre o meu novo set de pijama favorito.

Espero que gostem :)

Have a nice reading!

Fashion is really that deep

Existe uma verdade quase que universal: quem gosta de algum tipo de arte ou tem olhar apurado para algo estético, automaticamente desenvolve interesse em áreas correlacionadas. Por exemplo, quem gosta de moda quase sempre tem algum hobby artístico, como pintura, desenho, escrita… Quem repara muito nas roupas e stylings, normalmente também repara em arquitetura e decoração.

Não é realmente uma regra, mas é como costuma acontecer. Isso porque um lado do nosso cérebro é responsável pela parte criativa e, quem tem esse lado mais apurado, costuma ter um olhar mais sensível e estético para a maioria dos tipos de arte.

Mas uma das maiores diferenças entre a moda e todas as outras atividades e hobbies que citei é que a moda é extremamente vulnerável. Eu posso pintar todos os dias na minha casa e vocês não fazem a menor ideia, porque ninguém vai entrar lá para ver o que pintei.

Diferente das nossas roupas. A gente sai de casa e qualquer pessoa que cruza nosso caminho está vendo o que criamos. É uma arte exposta e impossível de esconder.

Uma das coisas mais bonitas é que nem sempre a moda diz exatamente quem somos; muitas vezes, ela diz quem queremos ser. Ela sempre teve esse formato de escapismo e imaginação. Quem nunca ouviu: “vista-se para o emprego que você quer ter”?

Isso é verdade, buscamos nos vestir mais como quem queremos ser do que quem de fato somos.

Eu acho lindo como a moda reflete não só a nossa personalidade, mas também as nossas ambições. E ainda assim tem quem diga que é futilidade.

A verdade é que a internet tirou um pouco do brilho dessa profundidade que a moda carrega.

Entre vídeos viralizados de unboxing, closets maiores que um apartamento de dois quartos e trends semanais de “must haves”, a moda se tornou mais sobre consumismo do que sobre auto expressão. E quem gosta de moda de verdade não consegue se encontrar nesse meio. É muito barulho e pouca intenção.

Não é à toa que o movimento de nichos vem crescendo cada vez mais, desde influenciadoras nichadas, revistas impressas que quase ninguém tem acesso, até marcas como essa aqui, que não possui site, tem dois posts no Instagram, e um fluxo gigante de pessoas descoladas passando pela loja em Paris. Uma estética zero luxuosa, mas que gera muito desejo.

É uma marca que parece nem ter marketing, mas o marketing deles é justamente o mais difícil de fazer: o da escassez e do desejo. E nesse caso, não é escassez de produto, mas sim de informação. Quem vê um post e se interessa vai procurar mais informações e não acha nada. E então pensa: “como alguém sabe sobre essa marca e eu não?”. A pessoa vai atrás, e isso vira uma cadeia.

Cada vez mais buscamos marcas que nos proporcionem exatamente isso: uma sensação de pertencimento a um grupo.

Mas essa busca por visibilidade, em um mundo com tantos ruídos, destrava outra camada na moda e comportamento atual: a performatividade. Recentemente viralizou no TikTok o termo “homens performáticos”, que leem livros em filas de padaria e usam tote bag (ai, Jacob Elordi…). Mas não somos todos um pouco assim?

Só sendo um pouco performáticos conseguimos realmente alcançar um lugar de movimento na moda. É construindo algo aos poucos, fazendo coisas como se você já fosse quem realmente quer ser. E aí essa performance inicial acaba se tornando espontânea. Quase tudo o que fazemos naturalmente hoje já foi um pouco forçado no início, ainda mais quando sai da nossa zona de conforto.

O nicho reforça essa performatividade, porque ambos são uma resposta natural ao cansaço do consumismo exagerado e das tendências desenfreadas. Cada grupo de pessoas tem uma marca ou um conteúdo que só eles entendem, e cada vez que você encontra alguém igual, é tipo: “if you know, you know”.

É como usar o chinelo da The Row e a maioria das pessoas acharem que é Havaianas, mas quem sabe, sabe. E aqui não entra só o quiet luxury: mesmo a The Row sendo uma marca conhecida, ainda é muito nichada. Poucas pessoas realmente sabem do que se trata.

E muitas vezes você nem precisa consumir a marca: só de saber, seguir ou almejar, você já participa desse grupo.

Mas aí entra um questionamento que eu ainda não sei responder: será que as marcas e influenciadoras realmente conseguem se manter nichadas? A partir do momento em que a bolha estoura, não tem mais volta. O desejo do público inicial se perde e tudo se massifica.

Enquanto a massa compra, o público inicial já encontrou outra marca para consumir e desejar. E assim funciona esse ciclo, que nunca acaba.

No fim, a moda sempre volta para o mesmo lugar: a busca por significado e auto expressão. Entre nichos, performatividades e estéticas efêmeras, o que permanece é o desejo de sermos completamente entendidos e vistos. E talvez seja isso que diferencia quem apenas vende roupas de quem cria algo com significado: a capacidade de oferecer algo que faça as pessoas se sentirem parte de alguma coisa.


Shop my cool finds 🙂

Entre a função e o desejo: o novo luxo é modular w/ Gabi Diniz

Oii, sou a Gabi Diniz, sou stylist e a Pri me convidou pra escrever essa coluna — e me deu carta branca pra falar sobre o que eu quisesse!

Então pensei: o que realmente me move hoje quando olho pra moda? O que me faz parar o scroll, o que me dá vontade de vestir uma ideia, não só uma roupa? A resposta veio rápido: funcionalidade com propósito.
Porque, pra mim, o mercado da moda vive uma das fases mais interessantes dos últimos tempos — um momento em que estética e inteligência finalmente se encontram.

Sou stylist, mas antes de chegar aqui fiz uma travessia que, pra muita gente, parece improvável.
Sou formada em Administração pelo Insper, e trabalhei por quatro anos no mercado financeiro.
Sim — excel, planilhas, reuniões, mercado de capitais.
Mas sempre soube que em algum momento eu iria virar essa chave.


Há dois anos, embarquei pra Londres pra cursar meu postgraduate na Central Saint Martins (UAL).
Foi ali que eu percebi: tudo o que vivi até então — inclusive a administração — seria a base perfeita pra entender moda como negócio, não só como estética.

Nada foi por acaso.
Eu só adiei o sonho pra viver ele do jeito certo.
E, hoje, escrevendo daqui, percebo que a moda é o espaço onde todas as minhas versões coexistem — a racional e a criativa, a que calcula e a que imagina. É por isso que escolhi falar sobre algo que representa muito o que sinto: o novo luxo da moda funcional, modular e inteligente.
Peças que se adaptam, mudam de forma e acompanham o ritmo do corpo e do tempo.
Porque, no fim, vestir é isso — traduzir movimento.

A moda que pensa (e muda) junto com você.

Há algumas temporadas, a moda deixou de ser sobre “o que se usa” e passou a ser sobre como se vive. Em 2025, o verdadeiro luxo está na roupa que acompanha o ritmo — que se dobra, se adapta, se desmonta, se recompõe. O novo vestir é inteligente, fluido e propositalmente mutante.

Marcas como The Row e Khaite já entenderam isso há tempos: suas silhuetas minimalistas e arquitetônicas não são sobre tendência, mas sobre longevidade. Enquanto isso, Ludovic de Saint Sernin e Marine Serre injetam sensualidade e narrativas de identidade em peças que desafiam gêneros, texturas e contextos — transformando o ato de vestir em performance.

Mas o que une todos eles é a ideia de modularidade. Roupas que não se limitam a uma função só. Blazers com mangas destacáveis, vestidos que viram tops, saias que escondem calças, sobreposições assimétricas que funcionam tanto de dia quanto à noite. Essa é a estética da hibridização — o vestir como um sistema vivo. 
 F

uncionalidade é o novo statement Segundo o State of Fashion 2025, da Business of Fashion e McKinsey, os consumidores estão buscando peças que ofereçam valor de uso real — roupas que não apenas pareçam modernas, mas que façam sentido. Em um mundo multitarefa, o look precisa ser tão versátil quanto a agenda.

É o raciocínio por trás de nomes como Peter Do, que domina o corte e o layering como poucos, e Coperni, que faz da inovação uma assinatura, misturando tecnologia e desejo. Já Toteme e Tibi elevam o pragmatismo escandinavo e americano a um lugar de sofisticação pura — provando que o “clean” também pode ser surpreendente.



Entre a função e o desejo:
O vestir está evoluindo.
Não se trata mais só de beleza — mas de movimento, adaptação e propósito.
Em 2025, o luxo se mede pela inteligência do corte, pela versatilidade da peça, pela fluidez do estilo.

Híbrido é o novo cool

Essa estética modular também traduz uma mentalidade: o vestir não precisa ser fixo, e a identidade também não. As peças híbridas expressam o que é ser contemporâneo — fragmentado, móvel, digital, multifacetado. Uma jaqueta com recortes inesperados, um zíper que transforma o shape, ou uma sobreposição que revela o imprevisível — tudo isso conversa com o momento em que a moda deixa de ditar e passa a refletir. E é aqui que entra o seu estilo (ou o da sua marca): criar roupas que se transformam com quem veste.
Roupas que não esperam a ocasião certa — elas criam a ocasião.

O NOVO COOL

Blazer que vira colete.
Saia que se transforma em calça.
Top que se desdobra em vestido.
O guarda-roupa modular não é truque — é mindset.
Um manifesto por roupas que acompanham o ritmo da vida.

Da passarela à rua (e de volta)

No fim das contas, o que Ludovic, Khaite, The Row, Marine Serre, Peter Do e companhia estão mostrando é simples, mas poderoso: o futuro da moda não está em mais, mas em melhor.
Melhor corte, melhor função, melhor intenção. A nova roupa não quer só ser vista — quer viver com você.

BRAND CRUSH 

As marcas que estão (literalmente) mudando de forma:

The Row — minimalismo que se move, corte que respira.


Khaite — sensualidade silenciosa com arquitetura precisa.


Ludovic de Saint Sernin — a fluidez do corpo em versão statement.


Peter Do — alfaiataria modular, linhas que viram linguagem.


Marine Serre — o futuro remixado com memória.


Toteme — o luxo de simplificar o complexo.


Coperni — tecnologia vestível com alma.


Wales Bonner — o híbrido entre tradição e ruptura.


Proenza Schouler — pragmatismo artístico, elegância com função.

Cada uma à sua maneira está reescrevendo o código da roupa: menos rigidez, mais transformação.

📍 TREND REPORT De acordo com o State of Fashion 2025 (Business of Fashion x McKinsey): “Consumidores estão migrando para roupas com valor de uso real, que se adaptam a diferentes contextos e expressam versatilidade.” Ou seja: funcionalidade é o novo statement.
E o verdadeiro luxo é aquele que se transforma.

✨ SUA PEÇA PODE MAIS Pense nas roupas da sua coleção — o que nelas poderia mudar de função?
Um zíper estratégico, uma camada removível, um recorte que se revela.
Pequenos gestos de design que criam grandes narrativas. Moda modular não é tendência — é liberdade costurada.

🖤 FECHAMENTO A roupa do futuro é viva.
E o futuro começa no seu look de hoje. O luxo agora é modular.
Funcional. Fluido. Você

Uma das tendências mais fortes da temporada são os pijamas e o loungewear usados no dia a dia. Em diversas passarelas, peças que antes usávamos apenas em casa ou somente para dormir, estão tomando conta dos looks diários.

Como sou fã de um bom pijama, é claro que já aderi à tendência (e estou amando usar!).

Recentemente, descobri uma marca nova com uma proposta irresistível: fazer pijamas tão lindos que dá até pena de usar só para dormir.
A Bruma Loungewear é uma marca nova que tem tudo o que eu mais amo: roupas e pijamas confortáveis e estilosos.

Meu favorito é esse conjunto — o sono até fica melhor quando eu durmo com um pijama tão lindo assim.

Mas, para provar que dá sim pra sair de casa de pijama, montei dois looks com as peças desse conjunto.
Choose your favorite!

A calça é um acontecimento à parte: tem amarras laterais que deixam tudo ainda mais interessante. Combinei com uma T-shirt branca e vários acessórios, e nos pés coloquei um toque de cor para deixar o visual mais cool.

Já a camiseta listrada tem uma modelagem ampla e, quando combinada com um look mais básico, deixa mais descontraído. Usei com uma sapatilha dourada.

Ah, e tenho cupom de desconto de 10%: PRICAO ❤️ 

choose your favorite!

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Já escrevi aqui sobre o marketing impecável da Jacquemus — e faço questão de reforçar o quanto eles entendem o poder de uma boa produção de conteúdo.

Nos últimos meses, venho reparando como o tom de voz da marca mudou. Sempre foram ousados e pioneiros. Foram um dos primeiros a usar IA de maneira realmente disruptiva e a trazer dumps para a conta oficial.

Mas, recentemente, a Jacquemus tem apostado em campanhas com um humor mais afiado — quase inside jokes com o próprio público.

A campanha mais recente com a Charlotte Le Bon é um ótimo exemplo disso. A filmagem tem aquele olhar de criança curiosa, observando o cotidiano: pequenas situações engraçadas, banais, mas extremamente reconhecíveis.
É quase impossível não se identificar.

Instagram Post

Uma das coisas que eu mais admiro em designers de produto é a capacidade de criar soluções para problemas que, muitas vezes, a gente nem sabia que tinha.

Quando vi esse item, pensei exatamente isso: “é tão simples e mesmo assim resolve a vida de muita gente”.

Eu vivo em sets de filmagem e sempre vejo stylists equilibrando mil objetos, pendurando coisas em bolsos improvisados, pochetes pouco práticas… e, quando usam algo específico, quase nunca é estiloso ou bem pensado.

Essa marca criou um acessório que até eu — que passo a maior parte do tempo na frente do computador — teria vontade de usar em alguma situação, rs.

É perfeito para quem trabalha com vários objetos ao mesmo tempo e precisa de acesso rápido a tudo.

Simples, funcional e, principalmente, bonito. Genial.

Instagram Post

Criei esse quadro para responder perguntas de vocês, direto ao ponto. As vezes a sua dúvida é a mesma de outra pessoa! :)

Oii, para mim tem algumas coisas que reparo em um blazer antes de comprar, e vim dar umas dicas antes de indicar marcas

1- Oversized

Pra mim, o contexto que faz o blazer ser ou não "careta". Se ele tá combinado com uma calça jeans mais larga e um tênis, dificilmente ele vai cair nesse lugar. Mas uma modelagem chave que nunca vai deixar ele assim, é a oversized. E para isso tenho uma dica: zara masculina!

2- Comprimento O comprimento e a modelagem fazem toda a diferença. Pra mim, o blazer precisa estar um pouco abaixo da linha da calça, nem tão curto e nem tão comprido.

3- Modelagem Prefiro os blazers retos, bem no estilo "roubei do armário do meu pai”.

Agora vamos para as marcas:

Se você quer investir mais, por uma peça que dure sua vida toda, indico:

Se você tem alguma dúvida ou quer algum guide especifico, manda aqui de forma anônima e quem sabe eu respondo na próxima edição 🙂 

🐻 A pantufa mais fofa do mundo. Kim Kardashian, you nailed it.

🤘 Gladiadora but make it rebel? Essa collab é bem nichada… rs

💰 Mais de 38 mil dólares em uma Polly?

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Oie! Eu sou a Pri Cao, e eu escrevo, edito e faço a curadoria de cada conteúdo que você encontra por aqui! Sempre fui apaixonada por moda e por toda liberdade criativa que ela nos proporciona. A ideia da The Setters é trazer conteúdos autênticos, com dados e estudos, mas também com a minha visão de mundo.

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