entre Beatles e a Guerra Fria

a juventude ressignificou uma década à beira do caos

 

Hey!

Meus pais são grandes fãs dos The Beatles desde sempre, e eu herdei esse amor, não apenas pelas música dessa época, mas também pela moda e cultura dos anos 60. Por isso, decidi compartilhar tudo o que aconteceu nessa década, e principalmente, como tudo se materializou em roupas.

Além disso, a Dani veio contar sobre como foi o rebranding da Umore, mostrei meu planner do ano que vem (too soon?) & more

Espero que gostem :)

Have a nice reading!

Antes de começar, recomendo ler esse texto com essa playlist de fundo.

Youth took over

O ano era 1962, e a juventude estava obcecada pela boyband mais bonita e com as músicas mais chiclete da época. Enquanto todo mundo cantava “Love Me Do” dos Beatles no banho ou no carro, os Estados Unidos e a Rússia protagonizavam a Guerra Fria — um conflito que quase se tornou uma guerra nuclear mundial, um dos momentos mais perigosos da humanidade.

Mesmo sendo uma década marcada por tensões e conflitos, os anos 60 também foram palco de debates sociais e civis que começavam a ganhar força entre os jovens, como igualdade de gênero e racial.

O fenômeno Youthquake — que, como o próprio nome já sugere, foi um terremoto cultural provocado pela nova geração — consolidou a juventude como a grande força dominante da época. Eles ditavam tendências em todas as frentes culturais. Era um mundo jovem, inquieto e inconformado com as desigualdades, separações e conflitos.

A primeira evidência desse movimento na moda foi o surgimento de marcas com preços acessíveis ao público jovem, que tinha menor poder aquisitivo. Uma delas foi a Bazaar, boutique de Mary Quant, que se tornou um dos maiores nomes da moda graças à criação da icônica minissaia — chocante para a época.

A minissaia foi a materialização perfeita do que estava acontecendo nos anos 60. A moda da década anterior era completamente lady like — super feminina, com saias rodadas e roupas comportadas — e, por mais que esse estilo ainda estivesse em alta por influência de Jackie Kennedy, a juventude estava sedenta por mudança.

E nada, naquele momento, era mais irreverente e provocador do que uma saia curta mostrando demais as pernas.

Outro nome essencial desse movimento foi André Courrèges. Com seus mini vestidos e minissaias, ele transformou a moda. Suas criações eram futuristas — space-inspired — e seu olhar era profundamente visionário. Suas coleções faziam referências diretas à corrida espacial que acontecia entre EUA e Rússia.

O ar londrino dos anos 60 também era diferente. Não à toa, surgiu o Swinging London, uma explosão cultural que transformou Londres em referência de diversão, irreverência e juventude. Jane Birkin (em sua fase londrina), Jean Shrimpton (a grande it girl da época) e Twiggy foram alguns dos rostos dessa nova estética.

Toda essa positividade e energia jovem abriram caminho para outro fenômeno fashion, que começou no final da década de 60 e explodiu nos anos 70: o movimento hippie.

Roupas coloridas, paz e amor e uma positividade quase ingênua. O movimento hippie foi um clássico exemplo de tendência bubble up — nascida nas ruas e que, depois, chegou às passarelas. Ele não surgiu de uma vez; foi crescendo aos poucos, ganhando força especialmente durante a Guerra do Vietnã, quando jovens passaram a ser convocados para lutar.

O hippie não era só roupa; era uma filosofia vestível. Uma estética que traduzia a recusa radical à guerra e ao consumismo. Um mood otimista para enxergar a vida. O Summer of Love, em 1967, quando dezenas de milhares de jovens — hippies, artistas, músicos e ativistas — se reuniram em San Francisco, no bairro Haight-Ashbury, foi o ponto alto da contracultura dos anos 60.

Era uma década de contrastes. Enquanto a contracultura florescia nas ruas, Yves Saint Laurent desenhava nas passarelas a sofisticação que definiria a moda das décadas seguintes. Seu nome foi essencial para os anos 60, e sua criação mais simbólica desse período é o Le Smoking, um paletó que desafia códigos de gênero ao transformar uma peça até então masculina em símbolo de elegância feminina.

E, para além da moda, os anos 60 também testemunharam grandes acontecimentos culturais que impactaram todas as outras artes. A Nova Hollywood começava a surgir, muito impulsionada pela estrela do momento: Audrey Hepburn — a atriz que todos copiavam, responsável por eternizar o little black dress em Breakfast at Tiffany’s, um dos grandes clássicos da década.

A década de 60 foi uma virada de chave cultural. Os jovens tomaram frente e se tornaram protagonistas. A moda deixou de seguir regras e começou a acompanhar o comportamento. Foi um divisor de águas. Depois dos anos 60, a moda nunca mais voltou a ser só roupa — se tornou linguagem, protesto e liberdade. Até hoje, quando pensamos em ruptura e desejo de mudança, é impossível não olhar para essa época.

“You say you want a revolution… well, you know, we all want to change the world.”

- “Revolution” by The Beatles


Shop my cool finds 🙂

The coolest tricot w/ Dani Cardoso

Sou Dani Cardoso, diretora criativa da Umore e a responsável por transformar minhas obsessões visuais, minhas referências aleatórias e meu caos criativo em peças que contam histórias. Eu vivo moda de um jeito quase intuitivo, e isso acontece porque eu nasci dentro de uma fábrica, meus pais tem fábrica de tricot há mais de 30 anos, moda não só faz parte da minha história, como parte da minha vida desde que nasci.

Minha rotina é uma mistura de pesquisa, sensibilidade estética e aquela inquietação de quem nunca está totalmente satisfeita, dá pra deixar mais bonito, mais autêntico, mais “Umore”. Entre um lançamento e outro minha meta é sempre me superar. Entre provas, moodboards e viagens, eu me alimento de tudo o que vejo: comportamento, arquitetura, lifestyle, cores, texturas… tudo vira repertório. E esse é o maior segredo da criatividade pra mim.

Dentro desse repertório, o tricot sempre ocupou um lugar especial. É onde eu mais experimento, arrisco e domino. É o material que me permite brincar com movimento, volume, textura e sensorialidade, e que, de certa forma, virou uma das linguagens mais fortes da Umore. Cada ponto, cada trama e cada caimento carrega um pouco da minha visão de moda: confortável, afetiva, moderna e cheia de personalidade.

À frente da Umore, sou diretora, curadora, editora, pesquisadora e, principalmente, alguém que acredita que estilo nasce de dentro para fora. Sigo tendências, interpreto, moldo e, às vezes, crio antes de viralizar, mas nunca deixando a atemporalidade de lado, porque peças em tricot, se muito bem cuidadas, podem passar de gerações.

pasta de refs da Dani

O tricot é a base mais sólida do meu trabalho. Cresci dentro de uma fábrica e, por isso, entendo o tricot não só como estética, mas como engenharia: ponto, tensão, construção, tecnologia e acabamento. Ele é um material extremamente versátil, que permite criar estrutura, leveza, textura e elasticidade dentro da mesma peça, algo que tecidos planos se limitam.

No tricot, eu consigo controlar tudo: desde o tipo de fio e o toque, até a densidade, o caimento e o comportamento da peça no corpo. Eu costumo dizer que é uma alquimia, e isso me permite desenvolver produtos com qualidade real, durabilidade e identidade própria. Acredito que seja por isso que o tricot se tornou uma das assinaturas mais fortes da Umore.

O que mais me encanta no é essa capacidade de unir conforto, performance e design. Ele acompanha o movimento do corpo, não limita, não marca, não pesa. E ao mesmo tempo entrega informação de moda, complexidade técnica e eu amoooo tudo o que é complexo, amo me desafiar dentro das minhas próprias coleções e entender até onde posso chegar com o que mais amo fazer: criar.

O rebranding da Umore em 2025 não foi apenas uma mudança visual, foi uma reorganização completa de identidade, posicionamento e estratégia. A marca cresceu, amadureceu e precisava de uma linguagem que refletisse esse novo momento, mais autoral, mais consistente e alinhado com a minha visão como diretora criativa.

O processo começou revisitando tudo: paleta, tipografia, modelagens, comunicação, embalagem, narrativa e até o jeito como apresentamos produto. A pergunta central era simples: o que realmente é a Umore agora? A resposta veio do que já estava forte dentro da marca, o trabalho minucioso com tricô, a estética contemporânea, o humor leve e a construção de peças que equilibram conforto, informação de moda e durabilidade.

Esse rebranding trouxe mais clareza para a identidade visual, mais editorialidade no conteúdo e um padrão estético que nos acompanha em todas as etapas: do desenvolvimento da coleção à experiência da cliente. Também foi um marco interno: consolidou processos, alinhou direção criativa e deu base para ampliar a marca sem perder personalidade que nossas clientes amam.

Hoje, a Umore comunica com mais precisão quem ela é: uma marca que valoriza técnica, afeto, autenticidade e construção. Uma marca que entrega moda com história e propósito, e que agora tem uma assinatura visual à altura dessa narrativa.

Antes do rebranding as clientes ficaram muito apreensiva que a Umore fosse “perder a identidade” forte que sempre carregamos, mas foi uma mudança 100% positiva, a maior mudança que eu senti em tudo isso foi uma aproximação ainda maior das nossas clientes. Foi essencial para essa nova fase da marca.

Ainda nem é dezembro, mas garotas inteligentes são organizadas — e já estão atrás do planner do ano que vem pra começar 2026 ready.

2025 foi um ano que eu praticamente vivi no modo piloto automático, então vamos fazer diferente no ano que vem, rs.

E pra começar do jeito certo, vim mostrar o planner que escolhi! Ele está tão lindo que eu precisava mostrar aqui. É da Ilustralle!

Essa semana assisti ao novo Frankenstein, do Guillermo del Toro. Longe de mim posar de cinéfila com senso crítico impecável, mas o filme está espetacular. A fotografia, a direção de arte e o figurino são, pra mim, os verdadeiros destaques — e a sensibilidade do filme é algo que qualquer pessoa vai sentir.

SPOILER ALERT!

Analisando os figurinos, o que mais me chamou atenção foi o uso do vermelho nas mãos de Victor, quase o tempo inteiro. Uma cor que pode significar amor — o único amor real que ele recebeu — ou sangue/dor, símbolo direto da sua morte.

O figurino de Victor é rígido, quase sempre com o mesmo shape, e também aparece pontuado por tons vermelhos. As luvas, especialmente, parecem deixar visível o sangue que ele carrega nas próprias mãos.

Elizabeth, por outro lado, é quem tem o figurino mais belo e delicado do filme. Sua pureza e seu bom coração ficam evidentes nos vestidos cheios de movimento, volume e cor. O último vestido, remendado, faz uma alusão direta ao corpo da criatura — uma metáfora linda e triste ao mesmo tempo.

E então chega ele… a criatura. Me parte o coração chamá-lo assim 😕 (por que ele não tem um nome, Victor? Nunca vou te perdoar por isso). Ele quase nunca está vestido, justamente para reforçar sua vulnerabilidade e exposição total. Nas poucas cenas em que aparece com alguma roupa — como um casaco de pelos — é nos momentos em que está tomado pela sede de vingança, cobrindo quem ele realmente é.

O filme é uma harmonia perfeita entre horror e sensibilidade, e isso fica muito claro no figurino. Recomendo muito assistir!

Descobri esse fotógrafo/diretor criativo essa semana e fiquei completamente obcecada pelo trabalho dele. Ele fez uma campanha linda com a Adidas e, desde então, entrei no rabbit hole.

O que mais me encanta é como ele brinca com o handcraft de um jeito único, misturando fotografia com colagens e criando narrativas super interessantes.

Ele já trabalhou para Zara, Maison Margiela e vários veículos importantes de moda.

Vale muito o follow!

Instagram Post

Criei esse quadro para responder perguntas de vocês, direto ao ponto. As vezes a sua dúvida é a mesma de outra pessoa! :)

Eu AMO Ugg. Além de ser um dos sapatos mais confortáveis que tenho no meu guarda roupa, também acho que da pra criar diversos looks estilosos.

Criei um moodboard de referências com meus looks favoritos, e também indiquei alguns modelos diferentes que compraria.

Fav UGGs

Se você tem alguma dúvida ou quer algum guide especifico, manda aqui de forma anônima e quem sabe eu respondo na próxima edição 🙂 

🧥 A jaqueta que foi literalmente feita para tomar chuva.

🆒 Amei essa ativação super cool que a Nike fez em Guangzhou.

🌎 When worlds collide. Collab entre Marc Jacobs x Dr Martens.

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Oie! Eu sou a Pri Cao, e eu escrevo, edito e faço a curadoria de cada conteúdo que você encontra por aqui! Sempre fui apaixonada por moda e por toda liberdade criativa que ela nos proporciona. A ideia da The Setters é trazer conteúdos autênticos, com dados e estudos, mas também com a minha visão de mundo.

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