se chegou na Zara, já não é mais tendência

quando se vê muito de uma trend, ela não está no auge, e sim no declínio.

Hey!

O desfile da Celine mexeu com a química do meu cérebro e se eu ja era obcecada por usar mil acessórios, agora eu sou mais ainda. Então vim falar sobre como as tendências demoram para tomar forma e o motivo pelo qual vão se moldando.

Além disso chamei a Ju para falar sobre o offline ser o novo luxo, dica da minha nova base favorita e também meus desfiles prediletos da semana.

Espero que gostem :)

Have a nice reading!

Quando chega na Zara, já não é mais moda

A temporada de moda mais importante do ano já começou, e isso significa que as coleções das marcas mais famosas do mundo vão ditar as tendências da próxima estação. Mas será que ainda é assim mesmo?

Uma tendência pode surgir por três caminhos principais: o Trickle Down, quando as marcas de luxo desfilam suas coleções, os early adopters (pessoas antenadas e com alto poder aquisitivo) são os primeiros a usar, a mídia dissemina a novidade, e só então ela se populariza e chega às lojas de departamento. Ou então o movimento acontece de forma inversa, no modelo Bubble Up, em que a tendência nasce nas ruas e só depois alcança as passarelas. Atualmente, porém, o caminho mais comum é o Trickle Across, quando tudo acontece ao mesmo tempo — e muitas vezes nem sabemos exatamente de onde uma tendência surgiu.

Então, quando uma peça de determinado estilo aparece em todos os lugares, principalmente na Zara, isso indica que a tendência já está no seu declínio, e não no auge, ao contrário do que muita gente pensa.

Nenhuma tendência surge do nada: existe sempre uma movimentação macro por trás, comportamento geracional, mídia, política, economia, influenciadores. Tudo está conectado. E um bom exemplo disso é uma das trends mais fortes do momento: o accessory overload.

Os acessórios deixaram de ser apenas um detalhe e passaram a ser o foco principal do look. Chaveiros em bolsas, porta-gloss, correntes no celular e no óculos... até os acessórios estão ganhando acessórios.

Essa semana teve o desfile da Celine (que desfile!!!!) e o overload de acessórios é real. Todas modelos estavam usando MUITOS anéis, pulseiras e penduricalhos nas bolsas. I love ittttt!

Para muitos, essa tendência surgiu “do nada” e é algo super atual, mas ela vem sendo construída há algum tempo e já está no seu declinio. Em 2021, a Miu Miu apresentou uma bolsa com penduricalhos no desfile de SS21. Em 2023, com a morte de Jane Birkin, revisitamos imagens icônicas dela e da sua Birkin toda personalizada com adesivos e chaveiros, o que reacendeu essa estética e acelerou sua popularização.

Inclusive, esse assunto continua super atual mesmo dois anos depois, e é tão presente na conversa sobre moda que nem parece que já faz tanto tempo. Ontem mesmo, a Birkin original de Jane foi vendida por 8 milhões de dólares.

Mas a raiz dessa tendência vai além de uma bolsa no desfile ou uma imagem nostálgica de Jane Birkin. Ela foi se moldando aos poucos, refletindo comportamentos e desejos de uma geração. E um dos fatores mais fortes para sua consolidação foi a crescente influência da cultura asiática.

Grupos de K-pop lotando estádios ao redor do mundo, doramas no top 10 da Netflix, influenciadoras sonhando em viajar para o Japão... era inevitável que tudo isso respingasse na moda. O estilo mais girly, lúdico, enfeitado e visualmente saturado, tão presente nessa estética dos acessórios, vem diretamente dessa cultura pop asiática e é um dos fatores que ajudou para essa tendência surgir e crescer tanto. Mas além da influência contemporânea de Jane Birkin, cultura asiática e necessidade de identificação e personalização, existe outro fator importante: a moda é cíclica.

Existe um padrão conhecido como ciclo dos 20 anos, em que tendências do passado voltam a aparecer. O que estamos vivendo agora tem coisas muito similares com o fim dos anos 2000 e inicio dos anos 2010, quando bolsas vinham cheias de chaveiros (oi macaquinhos da Kipling), celulares tinham pingentes, e o excesso visual fazia parte do look. A diferença é que hoje, esse revival vem reinventado e atualizado. Nada volta exatamente igual, mas sempre volta de um jeito que conversa com o nosso tempo.

Sempre reforço por aqui: nada surge do nada. As tendências são reflexos do nosso tempo, e é por isso que, mais do que seguir a moda, é interessante entender como ela nasce.

A moda que vemos nas vitrines ou nas redes sociais é só a ponta do iceberg. Antes de uma tendência se massificar, existe uma movimentação muito mais sutil acontecendo, uma combinação de comportamentos, referências visuais, discursos e desejos que vai moldando a estética até ela se tornar mainstream. E quase sempre, o que chega ao grande público já passou por várias transformações desde a sua origem. Raramente uma tendência é consumida da mesma forma que nasceu, e isso é o que torna o processo ainda mais interessante.

Os early adopters, aquelas pessoas hiper antenadas que captam sinais muito antes da maioria, costumam abandonar a tendência assim que ela ganha popularidade. São elas que, paradoxalmente, ajudam a disseminá-la no início, mas também são as primeiras a buscar o “próximo” quando percebem que aquilo já está em todos os lugares. Existe quase uma rejeição ao que se torna óbvio demais. E é justamente essa dinâmica que alimenta o ciclo constante de surgimento e substituição de tendências

Mesmo com as redes sociais acelerando o ritmo e confundindo a percepção de tempo, uma tendência só se sustenta quando existe um contexto por trás. Ela só se consolida de verdade quando está conectada a um movimento mais profundo. Se apareceu na Zara, pode ter certeza: já percorreu um longo caminho até ali. E nesse momento em que todos estão começando a usar, os early adopters já viraram a página e estão olhando para o que vem depois.


Shop my cool finds 🙂

O offline é o novo luxo w/ Julia Bruck

Oiie! Tudo bem? Meu nome é Julia Bruck, tenho 26 anos e trabalho com algo que sou completamente apaixonada: as flores! Hoje vou te contar um pouco de como foi a minha transição de publicitária no mundo corporativo para florista e fundadora da I Wish You Flowers - um atelier floral focado em decorações de eventos e workshops florais com propósito. Tudo isso, claro, trazendo a minha perspectiva sobre um movimento silencioso, mas muito potente - que se aplica ao universo do design, da arquitetura e da moda -, o offline como novo luxo.

Quando eu conto para as pessoas que trabalho com flores, costumo receber quase sempre a mesma reação: um misto de encantamento com uma curiosidade intensa, que vem em olhares atentos para entender como essa história toda começou. Para a surpresa dos meus ouvintes — e agora para a sua que me lê —, nada minha jornada foi muito planejado. Pelo contrário, eu gosto de brincar que, por providência divina, os meus próprios planos precisaram dar errado para que a sutileza da arte floral pudesse me encontrar.

A minha formação inicial, como comentei, é em Publicidade e Propaganda. Graduei-me no final de 2020 e, como a grande maioria dos profissionais dessa área, procurei percorrer o caminho mais “convencional” possível: trabalhar na área de marketing de uma grande empresa. No meu caso, a opção por esse caminho não foi apenas para ter “segurança”, mas principalmente por necessitar muito da aprovação alheia na época — dos colegas, dos gestores e até dos meus próprios familiares.

Se você é uma recém formada, saiba: é muito comum cultivar essa necessidade de “senso de pertencimento”. Quando ainda somos muito jovens ou acabamos de sair da nossa primeira graduação, ainda estamos extremamente presas à redoma social da faculdade, às pretensões ilusórias que temos sobre nós mesmas e, inclusive, aos nossos conceitos de sucesso. Pra terem uma ideia, nessa época eu ainda achava que a minha carreira inteira seria construída dentro do modelo corporativo, e que o meu ápice profissional seria o cargo de “diretora de marketing” no mercado financeiro.

Mas aí vem a vida. E ela quebra quase todas as suas expectativas — não porque quer te fazer sofrer, mas porque deseja te levar de volta pra casa. De volta pra você.

Hoje, mais inteira e mais certa de mim, eu percebo que as flores sempre estiveram ao meu redor. Como assim, Julia? A minha avó foi professora de História da Arte e decoradora de interiores. O meu pai sempre desenhou muito bem e sempre foi um grande apreciador de arte, literatura e da própria natureza. E, na minha família, eu tenho referenciais ótimos de pessoas que amam receber, amam decorar e amam compor um ambiente agradável para reunir as pessoas. Certamente, eu ainda estava muito “cheia das minhas próprias concepções” para deixar as escamas caírem e poder enxergar todo o potencial criativo que existia na minha própria história familiar.

Mas, se as flores são uma ferramenta de conexão entre as pessoas e uma forma de preservar a virtude do belo — como eu creio que elas sejam, e como eu vejo que a moda também é — sim, elas sempre estiveram ali comigo. E eu só pude acessar essa consciência quando passei pelo momento mais difícil da minha vida: uma depressão.

No ano de 2022, após inúmeras crises de ansiedade e do pânico que já me acompanhavam há um tempo, o meu mundo interno colapsou e me lançou no processo depressivo. Ali, eu parei finalmente para olhar pra Julia da forma mais honesta de todas.

E foi no meu caminho de busca pela minha própria cura que os arranjos me encontraram. A minha terapeuta naquela época me disse: “eu sei que você está em sofrimento, mas você não pode morar na depressão. Ela precisa ser um lugar de passagem, e não de morada”. E, com isso, me sugeriu buscar por atividades que me ajudassem a cultivar o estado de presença. É o que muitos conhecem por mindfullnes - um método que te incentiva a estar atento em cada pequeno momento. No entanto, nada muito me “chamava”, se é que posso dizer assim.

Por graça e favor divino, mais uma vez, a vida me foi muito generosa. Isso porque eu comecei a receber arranjos de flor em casa e, por incrível que pareça, eles eram a única coisa que conseguia capturar a minha atenção. Eu apreciava aqueles arranjos por alguns minutos e é como se o meu mundo cinza ganhasse cor. Eu me perguntava, mentalmente, “como será que isso é feito?”.

E foi essa curiosidade que me estimulou a procurar meu primeiro curso de arranjos, em agosto de 2022. Lembro de entrar num pequeno ateliê e, paradoxalmente, sentir que eu podia respirar. A partir dali, nunca mais parei. O resto da história — um pouco longa — eu costumo contar no meu workshop de arranjos, mas o que eu posso te afirmar é que me tornar disponível para cultivar as coisas simples da vida, como uma flor, me levou muito além do que eu poderia imaginar.

Atualmente, temos visto muitas pessoas também buscando por meios que as tirem do famoso “piloto automático” e, especialmente, das telas. O ser offline passou a ser um item de luxo e de exclusividade. Mas, se posso ser sincera, eu nunca consegui enxergar isso como um trend topic ou como algo muito inovador...

Se voltarmos alguns séculos atrás, vamos nos deparar com um fenômeno chamado “fugere urbem”, em que filósofos, escritores e artistas encabeçaram uma fuga dos centros urbanos, em um retorno ao campo e ao mundo “bucólico”. Isso se traduziu em diversos outros movimentos culturais — como o “arcadismo” na literatura — e podemos vê-los pulsantes na forma de agir e de encarar a vida desse grupo de pensadores.

O fato é: o desejo por um estilo de vida mais conectado à natureza, mais presente e menos atribulado sempre foi parte inerente de nós seres humanos. Na minha opinião, ser offline não precisaria se tornar um “objeto de consumo” vendido pela indústria, mas sim um pilar integrante de uma rotina saudável e sustentável a nível mental. Isso também não quer dizer que você vai se tornar a Ballerina Farm de um dia pro outro, mas que vai se propor a encontrar pequenas janelas no seu dia a dia para estar menos exposta aos estímulos virtuais e mais centrada na realidade.

Por fim, se posso deixar algum recado final: encontre a sua própria forma de voltar para você. Não apenas pela sua saúde mental, mas também como um veículo de comunicação da sua autenticidade. Eu sempre admirei pessoas que tinham interesses particulares e que, através deles, conseguiam demonstrar um pouco de quem elas eram. A Pri, por exemplo, fez um curso de figurino esses dias. E eu simplesmente achei o máximo! Porque isso não é replicável ou instagramável. É algo único que vai compor o repertório dela e construir a sua identidade — e isso pode ser vivenciado por meio da moda, da arte, do design, da arquitetura. Sabe quando você entra na casa de alguém e fala “esse lugar é a SUA cara”?... então, é mais ou menos por aí. Encontre algo que seja a sua cara e se aventure!

Um beijo, Ju

Trouxe a Ju aqui porque sinto que tem poucas pessoas com um olhar tão sensível para a vida como ela. Essa sensibilidade que transborda para a moda, decoração e tantas outras artes.

A Ju vai fazer um workshop de arranjos no dia 02.08 (estarei la), e sei que muitas de vocês gostam de ter momentos offline fazendo algo manual, acho que é uma oportunidade incrível. Entrem em contato por aqui! E se falarem que vieram pela The Setters tem desconto ❤️ 

Recebi da MAC a base em pó Studio Fix Powder, basicamente o item de maquiagem mais prático para você ter na sua bolsa.

Eu não uso base no dia a dia, mas achei o acabamento bem natural, mesmo cobrindo bastante. É ótimo para levar sempre comigo e retocar quando estiver precisando.

Espalha muito fácil e cobre muito bem tudo. Minha cor é NC15 <3

Favs of the week

Ao invés de falar da minha semana, vim mostrar meus desfiles favoritos da semana! Love it ❤️ (meu fav foi da Celine)

Nenhuma marca se sustenta só com imagens bonitas e produtos bons. Sempre falo aqui sobre o poder de um bom storytelling e de ativações que tangibilizam tudo o que você quer comunicar. Atualmente, na minha visão, a marca mais cool que tem é a Nude Project.

A comunicação deles é super amarrada, as pessoas que trabalham la transmitem a essência da marca, e eles fazem as ativações mais legais. Além de um dos Co-founders ter um dos canais do Youtube mais legais que tem (sério, não perco um vídeo).

Para o verão (europeu, rs), muitas marcas estão apostando em ativações em beach clubs e viagens com influenciadores. A Nude Project decidiu fazer uma mansão em Ibiza. A marca mais cool, em uma casa cool e com pessoas muito cool. Tem como isso dar errado?

Os produtos quase não aparecem nos stories das pessoas que estão lá, mas você fica com vontade de acompanhar e ver. Eu acho que essa estratégia é uma das melhores para você conseguir tangibilizar o que a marca quer transmitir.

Criei esse quadro para responder perguntas de vocês, direto ao ponto. As vezes a sua dúvida é a mesma de outra pessoa! :)

Ameii! Bom intercambio ❤️ Eu montei 4 looks que acho que fazem sentido com peças de lojas legais 🙂 como é neve, sempre com segunda pele embaixo e mil camadas pra ficar quentinha, rs.

Se você tem alguma dúvida ou quer algum guide especifico, manda aqui de forma anônima e quem sabe eu respondo na próxima edição 🙂 

🍦Usar o convite de uma das maiores marcas de Haute Couture para comer um Ben&Jerrys…. *cries in fashion language

🧛 To amando tudo o que o JW está fazendo na Dior (i love him), inclusive esse conteúdo com o Robert Pattinson pré desfile ficou demais

🍋 The coolest summer beach club? A Rhode decidiu fazer um beach club em Mallorca na Espanha e eu amei tudo. Sério os sorvetes!!!!!

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Oie! Eu sou a Pri Cao, e eu escrevo, edito e faço a curadoria de cada conteúdo que você encontra por aqui! Sempre fui apaixonada por moda e por toda liberdade criativa que ela nos proporciona. A ideia da The Setters é trazer conteúdos autênticos, com dados e estudos, mas também com a minha visão de mundo.

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