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precisa parecer Brasil pra ser Brasil?
Mondepars não tem brasilidade, ou será que a gente que tem uma estética limitada do nosso próprio país?

Hey!
Meu feed foi tomado por opiniões e criticas sobre o último desfile da Mondepars, confesso que adoro a marca, mas todos esses comentários me fizeram refletir sobre quem nos ensinou sobre o que é Brasil. Será que nós mesmos não reforçamos uma estética que ja veio pronta?
Além disso, dei dica do curso que estou fazendo (vocês sempre me pedem), a Nina deu dicas sobre mercado de trabalho & more!
Espero que gostem :)
Have a nice reading!

Quem definiu o Brasil com S?
Na última semana, vi no meu feed várias opiniões sobre o desfile da Mondepars, marca da Sasha Meneghel. As reações estavam bem divididas: muita gente amou, muita gente odiou. Entre os que criticaram, os argumentos se concentravam em dois grupos: os que acharam tudo muito cinza e parecido com marcas internacionais, e os que disseram que não havia nada de "Brasil" na coleção. Foi esse segundo ponto que me fez pensar. Afinal, quem foi que definiu o que é Brasil?
Carnaval, futebol, samba, favela e caipirinha. Quando essas palavras aparecem juntas, logo imagino alguém que nunca pisou aqui e só conhece o que foi exportado. Um estereótipo tão enxuto e restritivo para um país tão vasto e diverso. Parece que, ao longo dos anos, fomos comprando essa ideia, e aceitando um papel reduzido do que é ser brasileiro.

Essa noção de "Brasil" como país tropical e caricatural começou por volta de 1930, com Carmen Miranda. Curiosamente, ela nem nasceu aqui, mas incorporava exatamente o que o Brasil queria mostrar: alegria, tropicalidade e uma energia que cabia perfeitamente na política de boa vizinhança dos Estados Unidos.
Naquele período, os EUA enfrentavam a Grande Depressão e estavam empenhados em manter boas relações com países da América Latina. A estratégia se intensificou durante a Segunda Guerra Mundial. Carmen Miranda virou, então, uma embaixadora cultural brasileira, promovida e patrocinada, inclusive, por campanhas políticas americanas. E foi assim, que a primeira imagem do que era "ser brasileiro” havia ganhado espaço global.
Ao mesmo tempo, no Brasil, Getúlio Vargas implantava o Estado Novo e percebeu o potencial do carnaval como símbolo nacional. Incentivou as marchinhas e a música carnavalesca nas rádios (principal meio de comunicação da época). O carnaval virou uma estratégia de coesão social e, também, de populismo: uma forma de se tornar o presidente "do povo".
(Stay with me, juro que essa história toda vai chegar na moda, juro! rs)
Nos anos 1950, veio a Bossa Nova. Tom Jobim, João Gilberto e Vinicius de Moraes criaram um som diferenciado, mas com alma de jazz. Garota de Ipanema virou hit mundial e até hoje é a segunda música mais reproduzida da história. Surgia ali uma nova “brasilidade” mais elegante, mais urbana.
Já nos anos 90, Gisele, Adriana Lima e Alessandra Ambrosio exportaram outra imagem do Brasil: corpos esculturais e pele bronzeada, que deu início a ideia de que vivemos de biquini e pele amostra. Foi a era das supermodelos, mas também o início de uma hipersexualização do corpo brasileiro que ainda ecoa até hoje.
Mais recentemente, o “brasilcore” viralizou. Verde e amarelo, camisa da seleção, uma estética reinterpretada como trend. Mas, no fundo, ainda é um Brasil recortado, pensado para exportação.
A ideia de brasilidade que vendem por aí é um compilado de imagens e símbolos que funcionaram comercialmente, e que a gente mesmo acabou consumindo e resumindo nosso próprio país nisso.
Tem tanta gente talentosa criando coisas incríveis, saindo dessa caixa. Gente com repertório, com olhar contemporâneo, com potencial para ser referência mundial, e os próprios brasileiros negando a moda feita aqui por sentirem falta de algo que nem sempre precisa ser óbvio.
Como falar de brasilidade se, em São Paulo, a maioria se veste como se fosse para o escritório? Se o Rio Grande do Sul tem um clima completamente diferente da Bahia? Se o artesanato do Nordeste é único e não se repete em nenhum outro lugar? Se temos campo, sertão, praia e uma das cidades mais cosmopolitas do mundo?
Não é porque alguém nasceu no Brasil que precisa, obrigatoriamente, atender ao estereótipo que os gringos compraram. É possível falar sobre Brasil com uma paleta neutra, através do trabalho manual, da escolha dos tecidos, da valorização da mão de obra local.
Em 2025, tudo circula rápido. As referências se misturam. A inovação já não está mais em inventar a roda, mas em olhar com profundidade para o que se está fazendo e principalmente porque está fazendo. Valorizar a cultura brasileira não é estampar uma arara azul em cada peça.
Se você observar com atenção, vai ver que as grandes marcas do mundo raramente homenageiam seu país de origem de forma escancarada. Mas Loewe fala da Espanha quando traz flamenco e rendas para as passarelas. Prada homenageia a Itália em coleções inspiradas na arquitetura racionalista do país.
Nem tudo precisa ser óbvio. Ou superficial.
Moda não é feita para ser entendida com pressa. E brasilidade não é colocar uma estampa e achar que isso dá conta de toda a nossa complexidade. Temos muita história para contar, e é nos detalhes, na produção, na valorização do trabalho local, que vamos, de fato, fortalecer não só a nossa moda, mas toda a arte feita no Brasil.
Esse texto não é só sobre a Mondepars. É sobre tantas marcas incríveis que nasceram aqui e merecem ser reconhecidas. Principalmente por nós, brasileiros, que muitas vezes admiramos com facilidade o que vem de fora, mas somos mais duros quando algo é feito aqui.
A intenção é simples: valorizar a nossa moda. Apoiar quem está criando, inovando, e trazendo novas narrativas com talento e coragem. Acho que a gente ainda tem muito orgulho pra sentir e muita coisa para criar.

Aproveito para indicar por aqui, algumas das marcas que amo e acho que merecem mais atenção:


Shop my cool finds 🙂
Sueter Anselmi: Adorei a combinação de cores, e parece ser muito quentinho
Blush Leoni: Vi essa marca no Tiktok e amei muito o branding, a embalagem ta LINDA e parece que o produto é muito bom
Bolsa Arezzo: Tamanho perfeito para levar para o trabalho ou passar o dia fora. Adorei a cor, combina com tudo
UGG: Adoro o modelo com plataforma e achei muito diferente a cor
Calça Zara: Uma calça statement que faz o look sozinha

Working with fashion w/ Nina Casas
![]() | Oie! tudo bem? Sou a Nina, tenho 21 anos e uma paixão gigantesca por moda. Sempre vi a moda como uma forma de expressão — daquelas que a gente não precisa nem dizer uma palavra pra mostrar quem é, sabe? Pra mim, escolher uma roupa vai muito além de tendência: é sobre identidade, autenticidade e aquele gostinho de ser quem você quiser ser. |
Comecei na internet de um jeito super natural, abri meu Instagram e segui compartilhando o que eu geralmente compartilhava nas redes sociais mas sem pensar tanto. Me dei mais liberdade de fazer o que eu quisesse com o meu instagram… E não demorou pra eu me apaixonar também pelo universo da fotografia. Amava pensar nas poses e edições. Sem perceber, já estava envolvida com criação de conteúdo e, claro, marketing.
Essa mistura de moda, fotografia e redes sociais me fez perceber que eu queria entender mais sobre comunicação e comportamento. Quando chegou a hora de escolher a faculdade, fui direto pra uma área que me permitisse ter essa liberdade.
Optei por Administração na ESPM pelo foco da faculdade em marketing. Muita gente brinca dizendo que é o curso de quem ainda não sabe exatamente o que quer… Mas, pra mim, foi a escolha perfeita. Eu nunca gostei da ideia de me prender a um único caminho, porque acredito que mudança faz parte da vida e, sinceramente, das melhores coisas que a gente pode viver.
E é justamente agora que começa o papo que vai me acompanhar aqui na The Setters: o mercado de trabalho. Acho que tudo o que contei até aqui me trouxe até esse tema. Minhas experiências, os aprendizados, os tropeços e os acertos… Tudo isso fez (e faz) parte do meu processo.
Comecei a trabalhar com 18 anos, fazendo marketing digital pra uma marca. Foi ali que entendi que minha paixão por criar conteúdo podia também me inserir no mercado de trabalho. Logo depois, entrei de cabeça na moda, trabalhando com produção numa marca que me ensinou demais. A gente participava de todo o processo: desde o moodboard até ver a peça pronta. Tinha reunião de tecido, reunião com fornecedor, discussão de modelagem… Ver uma ideia ganhando forma assim, do zero até o produto final, foi uma experiência linda.
Depois disso, me aventurei num mundo totalmente diferente (ou nem tanto assim): a arquitetura. Meu pai é arquiteto, então esse universo sempre esteve presente na minha vida. Trabalhar com ele me fez olhar pra estética e pra criação de um jeito novo. No fim das contas, vejo tudo muito conectado: moda, marketing, arquitetura… Tudo é expressão, tudo é criatividade, tudo é identidade.
Hoje, eu trabalho com assessoria de imprensa de uma marca que eu amo de paixão. Uma marca de moda, claro. Meu dia a dia é acompanhar de perto tudo o que sai nas revistas, nas mídias, nas redes. Vivo os bastidores de uma marca grande e linda, e é incrível ver como cada detalhe é pensado com tanto cuidado.
E olhando pra trás, sinto que tudo o que eu vivi até aqui me trouxe exatamente até onde eu deveria estar. Claro, com muita força de vontade, com a vontade de fazer acontecer… Mas também com o coração aberto pra seguir os caminhos que a vida foi me mostrando.
Se eu pudesse dar uma dica pra quem tá começando agora é: experimentem. Testem, vivam, se permitam. O primeiro emprego não precisa ser o emprego da sua vida. Troque de área, troque de função, mude de escritório… só assim você vai descobrir o que realmente faz sentido pra você. E, de verdade, eu não trocaria nenhuma das experiências que tive até hoje. Cada uma foi essencial pro meu crescimento, tanto profissional quanto pessoal.
Agora, tô aqui, quase me formando no final do ano, e olhando pra tudo isso com muito orgulho. Por isso escolhi esse tema pra abrir minha conversa com vocês aqui na The Setters. Porque eu sei que tem muita gente nova começando agora no mercado de trabalho, com aquele frio na barriga, com dúvidas, com medos… E tudo bem. Faz parte. Só vai.
Um beijo, da Nina. 💛

Poucas coisas são mais legais do que estudar algo que você realmente gosta (não entendo quem tem mais de 17 anos e fala que odeia estudar).
Comecei um curso novo sobre a importância dos figurinos no cinema — tô na metade e já aprendi tanta coisa. Estou fazendo no MIS, aqui em São Paulo. Eles têm uma programação cheia de cursos legais, sobre vários temas, com preços super em conta.
Tem alguns com opção online também! Inclusive, mês que vem vai ter um sobre moda crítica que me chamou muito a atenção, e vai ser 100% online, perfeito pra quem não mora por aqui.



Favs of the week
Obcecada nessa body jaqueta da Coperni que chegou essa semana na nk. Serio, queria usar isso todos os dias.
Comprei um ultrahuman ring e to completamente obcecada. Basicamente ele track tudo em relação a sua saúde/corpo. Fiz um review no meu daily, ta nos highlights 🙂
Meu look favorito da semana
Na minha visita semanal a livrarias, coloquei esse livro na minha wishlist. Descobri que tem uma serie sobre, parece ser legal
Mood

A Acne Studios preparou uma ativação especial para comemorar seus 20 anos. Em cidades selecionadas, montaram uma pop-up em formato de banca de revista, e ficou simplesmente linda.
A ação tangibiliza a experiência da marca de um jeito muito interessante: a revista que antes só aparecia nas redes agora pode ser encontrada fisicamente. Um ótimo exemplo de como criar conexão real com o público.
E tem mais: algumas edições vêm com um golden ticket escondido — quem encontra, ganha uma edição limitada. Um detalhe que aumenta ainda mais a curiosidade e leva mais gente até o local.
Achei demais. Love Acne Studios <3

Criei esse quadro para responder perguntas de vocês, direto ao ponto. As vezes a sua dúvida é a mesma de outra pessoa! :)

Amo óculos de sol, acho que deixa o look muito mais interessante.
Os meus favoritos:

Se você tem alguma dúvida ou quer algum guide especifico, manda aqui de forma anônima e quem sabe eu respondo na próxima edição 🙂

👕 How cute? Esse menininho tem 11 anos e já criou 317 camisetas
📚 Life goal: a biblioteca de Karl
🥤 Achei muito fofa essa collab. Quero essa garrafinha!
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![]() | Oie! Eu sou a Pri Cao, e eu escrevo, edito e faço a curadoria de cada conteúdo que você encontra por aqui! Sempre fui apaixonada por moda e por toda liberdade criativa que ela nos proporciona. A ideia da The Setters é trazer conteúdos autênticos, com dados e estudos, mas também com a minha visão de mundo. Espero que você goste de ler essa newsletter tanto quanto eu gosto de escreve-la! ❤️ Vou deixar aqui o link das minhas redes sociais para quem quiser trocar (sempre estou aberta e amo muito) |
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