antes do balletcore, o balé já fazia história

a arte que inspirou diversos designers e histórias

 

Hey!

Dezembro é um mês muito muito especial. Amo o Natal e tudo o que envolve o fim de ano, me sinto nostálgica e ao mesmo tempo cheia de planos para o ano que vem. Fui assistir o balé do Quebra Nozes e voltei inspirada para escrever essa edição.

Além disso, tem diversos guides para roupas pro ano novo, presentes e peças de verão!

Espero que gostem :)

Have a nice reading!

Before balletcore, there was ballet.

Existem coisas que, quando entramos em contato pela primeira vez, não conseguimos enxergar sua verdadeira grandeza e beleza. Com o passar do tempo, ao revisitar, percebemos o quanto não tínhamos dado a devida importância. Essa foi exatamente a minha experiência ao assistir ao balé O Quebra-Nozes na semana passada. Quando vi pela primeira vez, achei bonito, mas era muito nova — e, dessa vez, foi mágico.

Deixando de lado todas as minhas considerações sobre o quão incrível é alguém compor músicas como as de Tchaikóvski, e sobre como ele consegue captar tanto sentimento nelas, meu olhar naturalmente se volta para os figurinos. A estética do balé está presente na moda há anos e continua se reinventando. Por isso, vamos a fundo neste texto, explorando essas duas artes e em que momento elas se encontraram.

A moda e o balé se cruzam muito além da estética “balletcore” (eu particularmente não gosto desses termos). A relação entre essas duas artes é sólida e muito antiga. Os primeiros registros dessa conexão datam do século XVI.

Na época, a dança era uma prática aristocrática (majoritariamente homens) e as roupas eram extremamente pesadas e longas. A liberdade de movimento era muito limitada, fazendo com que a dança se aproximasse mais de um caminhar elegante do que do balé que conhecemos hoje. É surpreendente que uma forma de arte que exerceu um impacto tão grande sobre a moda feminina tenha sido originalmente praticada quase exclusivamente por aristocratas homens, que dançavam com elaboradas adaptações dos trajes da corte.

No século XVII, sob o reinado de Luís XIV, o balé passou por um grande desenvolvimento. O rei era um dançarino apaixonado e usava figurinos bordados em ouro em suas apresentações. Nessa época, as sapatilhas tinham salto alto, e a dança era bastante diferente do que conhecemos hoje. Embora tornassem a dança mais difícil, esses trajes estavam em total sintonia com a moda barroca.

No final do século XVIII, os bailarinos começaram a se libertar das roupas restritivas. Marie Camargo, uma famosa bailarina da época, foi a primeira a encurtar sua saia até a altura da panturrilha — um verdadeiro escândalo! Graças a ela, finalmente, era possível ver os movimentos rápidos e técnicos dos pés. Os saltos também começaram a desaparecer das sapatilhas, permitindo maior fluidez nos movimentos.

Mas foi apenas no século XIX que a moda e o balé se consolidaram de fato. Marie Taglioni foi a primeira bailarina a se apresentar integralmente nas pontas e, em seu papel em La Sylphide, usou um corpete branco ajustado ao corpo e uma saia de tule diáfano, firmando a imagem de bailarina que conhecemos até hoje.

Taglioni, sem dúvida teria ficado horrorizada ao saber que o tutu que ela popularizou ganhou esse nome a partir de uma derivação do termo vulgar cucu, uma gíria que significa nádegas — extremamente fetichista da parte dos homens que compravam os assentos baratos para tentar dar uma “espiadinha”.

Marie Taglioni | Marie Camargo

Foi também nesse período que Tchaikóvski (compositor russo) fixou o imaginário visual que a moda passaria a explorar por décadas. O Lago dos Cisnes, A Bela Adormecida e O Quebra-Nozes estabeleceram não apenas uma linguagem musical, mas uma estética reconhecível. Antes dele, a música para dança era funcional; com ele, passou a ter peso sinfônico, dramaturgia e protagonismo.

Até então, o balé não era visto como uma dança elegante, clássica e graciosa como conhecemos hoje. Pelo contrário: era fortemente associado à imoralidade. Mesmo com essas mudanças no figurino, a sociedade ainda defendia que nenhuma mulher respeitável pisaria em um palco para dançar balé.

A moda foi fundamental para tirar o balé desse lugar e colocá-lo em uma estética aspiracional, que perdura até hoje. Foi ela que cristalizou a imagem juvenil, frágil e sinônimo de graça, traduzindo algo antes visto como imoral.

No século XX, a companhia de balé mais influente do mundo, os Ballets Russes, ampliou ainda mais a conexão entre balé e moda, ao encomendar figurinos a nomes como Coco Chanel. Até hoje, a maison mantém uma relação estreita com a dança e, em 2023/2024, tornou-se Patrocinadora Fundadora do Balé Júnior da Ópera de Paris.

Na década de 1920, Coco Chanel utilizou o jersey em figurinos de balé antes mesmo de o tecido ser plenamente aceito na moda feminina. Ao mesmo tempo, Jeanne Lanvin criava vestidos românticos que contrastavam com as silhuetas retas predominantes naquele período. Até a declarada modernista Madeleine Vionnet incorporou a influência do balé — um de seus vestidos da coleção de 1924 se chamava Ballerina.

Com tantos olhares voltados para a dança, não demorou para o balé receber atenção séria da imprensa de moda. Uma edição da Vogue de 1932 dedicou oito páginas à produção Cotillon, dos Ballets Russes de Monte Carlo. Os figurinos do espetáculo, desenhados pelo artista francês Christian Bérard e executados pela figurinista Barbara Karinska, evidenciavam como as ideias transitavam livremente entre as duas artes.

Em 1941, Diana Vreeland, ex-editora da Harper’s Bazaar e da Vogue, revolucionou a moda ao introduzir a sapatilha de balé no uso cotidiano. Ex-bailarina e amiga de Sergei Diaghilev, Diana criou a ballerina slipper, um modelo que até hoje domina passarelas e o street style.

Algum tempo depois, no pós-guerra, com a escassez de tecidos e, consequentemente, figurinos mais simples, a moda antecipou tendências como saias mais leves, linhas mais limpas e o uso de materiais alternativos.

Foi também nessa época, em 1947, que surgiu o New Look de Christian Dior, colocando a estética do balé ainda mais em evidência. As cinturas marcadas e saias volumosas simbolizavam uma nova feminilidade. A compreensão singular de Dior sobre o balé fez com que bailarinas como Margot Fonteyn se sentissem imediatamente atraídas por seu trabalho.

Nos anos 1970, Yves Saint Laurent lançou a coleção Opéras – Ballets Russes, que traduziu o figurino teatral em bordados, cores e volumes. Nos anos seguintes, Christian Lacroix, Vivienne Westwood, Valentino e Alexander McQueen também incorporaram essa estética em suas criações.

Já nos anos 2000, a icônica abertura da série Sex and the City, com Carrie usando um tutu, ajudou a reacender o apelo do balé na moda, e se tornou uma referência visual da estética até hoje.

A presença histórica do balé na moda é um importante marcador cultural. Elegante e rigoroso como a alta-costura, o balé teve um papel fundamental na construção do que vestimos. Hoje, nomes como Phoebe Philo e Miu Miu seguem explorando os códigos da dança — e não param de reinventá-los.


Shop my cool finds 🙂 

Reuni 4 amigas minhas que tem um bom gosto refinado e gostam de coisas diferentes, para fazer um gift guide para quem ainda não comprou presentes pro Natal. Enjoy 🙂 

Dezembro é sempre uma correria. Por mais organizada que a gente seja, é praticamente impossível não se sentir ao menos um pouco atropelada nessa época do ano.

Eu passei semanas procurando roupas para usar no Ano Novo e, para variar, deixei tudo para a última hora. Quando percebi, já era dia 19 de dezembro e tudo começou a se embolar, rs.

Pensando nisso — e assumindo que não sou a única nessa situação — resolvi montar este guide com peças que gostei no meio do caminho. A maioria tem entrega rápida, então ainda dá tempo! rs

FESTIVE MOOD

1- Zara | 2 - Zara | 3 - Luiza Barcelos | 4- Gemm

BASIC WITH A TWIST

1- H&M | 2- Renner | 3- Hering | 4- Guya

SOFT STYLE

1- Gallerist | 2- Zara | 3- Balaia | 4- Gaspri

IT GIRL

1- Zara | 2- TIG | 3 - Nannacay | 4- Zara

Apesar da correria, eu amo o fim de ano. Não só pelas festas e celebrações, mas também pelas campanhas natalinas. Sou formada em marketing, então analisar campanhas e estratégias de comunicação é quase um hábito. Reuni aqui as minhas favoritas deste ano:

1- Burberry: Twas The Knight Before mostra Jennifer Saunders comandando um jantar imaginário de véspera de Natal para amigos e família. Entre os convidados estão nomes como Naomi Campbell, Ncuti Gatwa, Rosie Huntington-Whiteley e Son Heung-Min. O filme captou exatamente o melhor do natal: família reunida, risadas, músicas e uma pitada vintage que da nostalgia.

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2- Mcqueen: Neste Natal, a McQueen é the life of the party. Fotografada por Sam Khoury dentro do Eltham Palace — uma mansão Art Déco dos anos 1930 localizada em Londres, a maison passou uma vibe bem luxuosa e festiva, mas ao mesmo tempo caótica. Um contraste que achei lindo.

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3- JW Anderson: Mais do que uma campanha, este é um lançamento festivo. O mais recente drop da JW Anderson brilha com nostalgia: um acervo cuidadosamente selecionado de enfeites de Natal vintage dos anos 1950 e 1960, garimpados por toda a Europa e carinhosamente passados de geração em geração. So cute!

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Criei esse quadro para responder perguntas de vocês, direto ao ponto. As vezes a sua dúvida é a mesma de outra pessoa! :)

Summer is calling! Nada melhor do que acordar cedo, ir pra praia e depois tomar banho e ver o quanto ficou bronzeada. Can't wait!

Minha lista de biquinis favoritos

Se você tem alguma dúvida ou quer algum guide especifico, manda aqui de forma anônima e quem sabe eu respondo na próxima edição 🙂 

👟 Os tênis mais relevantes de 2025. Meu favorito é o da Prada (acho que flats shoes vão dominar em 2026).

📚 A mulher mais legal e culta da moda. Um conselho que é sempre bom de escutar.

🌞 Zara em Trancoso! Tudo sobre essa pop up que vai ficar no Quadrado durante o verão.

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Oie! Eu sou a Pri Cao, e eu escrevo, edito e faço a curadoria de cada conteúdo que você encontra por aqui! Sempre fui apaixonada por moda e por toda liberdade criativa que ela nos proporciona. A ideia da The Setters é trazer conteúdos autênticos, com dados e estudos, mas também com a minha visão de mundo.

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